Contos

Jumenta


Comeu a grama entre murmúrios, foi chamada de burra, jumenta, mula, égua. Em choro baixo, mas não ouviu o bruto ir embora. Recolheu a calcinha suja de terra, bonequinhas desenhadas lhe sorriam, e a colocou de encontro ao peito. Ardia-lhe entre as pernas. Foi ao riacho refrescar-se. Dos olhos corriam rios de estrelas foscas. Na mata os pássaros piavam fim de tarde, grilos na mesma cantoria. À companhia dos bichos, alguns fracos soluços ainda borbulhavam na margem do rio. A noite já chegava. O mundo longe demais.

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